sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CONTRIBUIÇÕES DO ISLAM A CIÊNCIA

Organização Jihad Racional

Durante o século VI, os muçulmanos herdaram a tradição e o conhecimento científico da antigüidade, preservaram, elaboraram, fizeram uma releitura e, finalmente, passaram-na para a Europa, foi nessa época que a dinastia Omíada manifestou seu interesse pela ciência.

Foi o século que para os muçulmanos correspondeu às luzes da filosofia, da descoberta científica e do desenvolvimento, enquanto que a Europa mergulhava no que se convencionou chamar a Idade das Trevas, os árabes desse tempo assimilaram o conhecimento persa e a herança clássica dos gregos, adaptando-os às suas próprias necessidades e formas de pensamento.

Pela primeira vez na história da humanidade, a teologia, a filosofia e a ciência puderam ser harmonizadas em um todo unificado, graças à capacidade islâmica de conciliar o monoteísmo com as provas da ciência, ou mais adequadamente, a fé com a razão. 

Talvez, um dos motivos que pode explicar esse desenvolvimento da ciência seja o mandamento de Deus para que as leis da natureza sejam exploradas, a idéia é admirar a criação por sua complexidade, admirar o Criador por sua habilidade, talvez por causa dessa crença é que as contribuições do Islam à ciência alcançaram os diversos ramos do pensamento, inclusive a matemática, a astronomia, a medicina e a filosofia.

As culturas persa e hindu tornaram-se parte da herança islâmica no campo da Matemática. No século VII, durante a existência do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), um matemático muçulmano hindu desenvolveu o símbolo "zero", que viria a revolucionar o estudo da matemática e tornar possível as grandes conquistas nesse campo, não só muçulmanas, mas de toda a humanidade.

Palavras como "álgebra" e "algoritmo" foram, na verdade, tiradas do vernáculo arábico e traduzidas para o latim. Foi um matemático muçulmano que formulou, explicitamente, a função trigonométrica, a palavra "seno" é uma tradução da palavra arábica "jayb".

Al-Khwarizmi escreveu o mais antigo livro sobre matemática, conhecido somente na versão traduzida, ele apresentou mais de 800 exemplos de cálculo de integração e equação, que viriam a ser adotados pelos neo-babilônios.

Os muçulmanos introduziram os algarismos arábicos na Europa e ensinaram aos ocidentais as convenções mais adequadas ao conceito aritmético, o "zero" e os algarismos arábicos são a base da ciência dos cálculos, conforme é conhecida hoje.

Na primeira metade do século IX, os números exponenciais, incluindo o zero, foram usados por al-Khwarizmi, para substituir as letras, na segunda metade desse mesmo século, os muçulmanos da Espanha desenvolveram numerais ligeiramente diferentes na forma, huruf al-ghubar, originariamente usado em conjunção com um tipo de ábaco de areia, Leonardo Fibonacci, de Pisa, que havia sido discípulo de um mestre muçulmano, publicou um trabalho que permanece um marco na introdução dos numerais arábicos.

No início do século IX, cálculos matemáticos estimulavam o desejo de repostas para o movimento celeste esta curiosidade introduziu um novo campo no conhecimento humano, o da Astronomia, uma das aplicações mais importantes da Astronomia é o cálculo para o horário das cinco orações diárias, que todo muçulmano faz.

Ele é definido de acordo com a posição do sol, movendo-se de leste para oeste, as primeiras tabelas conhecidas, feitas para tal propósito, são datadas do século X, e são instrumentos importantes usados pelos muçulmanos.

O magnífico relógio do sol, que Ibn Al Shatir contruiu no ano de 1371 para enfeitar o minarete principal da mesquita Omíada de Damasco, confirma a exatidão dos cálculos, o relógio mostra as horas do dia relativas ao nascer do sol, ao meio-dia e ao por-do-sol, há, também, curvas especiais para as horas relativas ao amanhecer e ao anoitecer, o relógio do sol mede o tempo para cada hora das cinco preces diárias.

Ibn Al Sarraj inventou uma série de astrolábios, quadrantes, grades trigonométricas e outros instrumentos que foram extremamente inovadores na época e que mais tarde foram utilizados pelos europeus quando iniciaram as grandes navegações para a descoberta de novos mundos.

Al Khwarizmi, o gênio matemático, aplicou suas descobertas ao novo campo, de onde ele compôs as mais antigas tabelas planetárias, seu trabalho serve de referência e foi traduzido para o latim no século XII, por Gerard de Cremona.

O primeiro observatório astronômico foi construído em Jundaysabur, sudoeste da Pérsia, sob a direção de Sind Ibn Ali e Yahia Ibn Abi Mansur, sendo o astrônomo do califa, ele elaborou uma carta dos movimentos celestes.

Os astrônomos de Al Ma'mun, o califa Abássida, fizeram muitas observações originais, uma das mais notáveis é a medida do meridiano, próximo a Mosul, o objetivo era determinar o tamanho da terra e a sua circunferência, na suposição de que ela fosse redonda.

Na Espanha, os estudos sobre Astronomia foram incentivados após a segunda metade do século X, o sistema aristotélico foi reproduzido, com a representação dos movimentos celestes, Abu Al Qasim Maslamah Al Majriti, de Madri, o mais antigo astrônomo muçulmano espanhol, editou e corrigiu as tabelas planetárias de Al Khwarizmi.

Entre os títulos de Al Majriti, estava o de ser Al Hisab, isto é, o matemático, porque ele era considerado o mestre do conhecimento matemático. Cerca de quatorze anos mais tarde, as tabelas planetárias de Al-Battani foram traduzidas para o latim, por Plato de Tivoli.

Copérnico, mais tarde, iria citar Al Battani em seu livro "De Revolutionibus Orbium Coelestium", Al Zarqali, o mais notável observador astronômico de sua época, imaginou um tipo de astrolábio que comprova o movimento do apogeu solar em relação às estrelas, Al Bitruji desenvolveu uma nova teoria do movimento estelar.

Os astrônomos árabes deixaram no céu os traços imortais de suas descobertas. São os nomes de estrelas, incorporadas às línguas européias, uma infinidade de termos técnicos, como azimuth (as-sumut), nadir (nazir), zenith (as-samt), todos derivados do árabe, o que só vem comprovar o rico legado do Islam para a Europa cristã.

Ibn Sina, mais conhecido como Avicena, recebeu o título de "Príncipe da Medicina", seu trabalho mais consagrado é Al-Qanun Fil-Tibb, o " Cânone da Medicina", ele é um dos maiores nomes da história da Medicina. 

Aos dez anos conhecia de cor o Alcorão Sagrado, e aos doze, discutia sobre Direito e Lógica, ele achava que a medicina era um assunto fácil, "Quando eu estou em dificuldade", ele disse, "consulto minhas anotações e rezo ao Criador".

Em seu livro, ele mostrou muitos aspectos da medicina, classificou as causas e os sintomas das doenças, dizia que as doenças são causadas por um desequilíbrio das quatro qualidades elementares do corpo:

calor,
frio,
úmido
seco.
Elas são provocadas por uma composição, ou conformação, defeituosa das partes do corpo, que provocam o trauma. A causa das doenças está ligada ao ambiente e à psicologia.

Entre elas, está o tradicional esquema das doenças "não naturais", oriundas do ar, do excesso ou falta da alimentação e da bebida, seu livro também discute os cuidados com a conservação da saúde em partes separadas, pediátricas, adultas e geriátricas.

A peste negra assolou a Europa em meados do século XIV, deixando os cristãos desamparados, enquanto isso, Ibn-al-Khatib, um clínico de Granada, escreveu um tratado, no qual ele elabora uma defesa sobre a teoria do contágio:

"Para aqueles que dizem (como posso admitir a possibilidade de infecção, quando a lei religiosa a nega), respondemos que a existência do contágio é constatada pela experiência, pela investigação e pela evidência de relatórios confiáveis, estes constituem argumento sólido, o contágio se torna claro ao investigador, quando observa como ele, que está em contato com pessoas doentes, pega a doença, ao passo que aquele que não tem o contato fica a salvo, e como se dá a transmissão através de roupas e recipientes."

A circulação do sangue e a idéia da quarentena veio da indicação empírica sobre o contágio e foi descoberto por Ibn Al Nafis, em 943, Ibn Juljul, de Córdoba, tornou-se um físico famoso com a idade de 24 anos, compilou um livro, que era um tratado especial sobre drogas, encontrado na Andaluzia, na península ibérica.

Ibn Masawayh escreveu o mais antigo tratado sobre Oftamologia, o livro, entitulado al-Ashr Maqalat fi al-Ayn é o mais antigo texto sobre a matéria, no uso curativo das drogas, alguns avanços fantásticos foram feitos pelos muçulmanos, eles criaram as primeiras boticas e a mais antiga escola de Farmácia.

O Príncipe da Medicina, Avicena, também foi um filósofo, a Filosofia naquele tempo era definida como o conhecimento da causa verdadeira das coisas, ele foi o primeiro árabe a criar um sistema filosófico que é completo.

De seus estudos iniciais da Lógica ele se voltou para o estudo da Física e da Metafísica, por sua própria iniciativa, tornou-se mentor de muitos físicos, e aos dezoitos anos dominava a Lógica, a Física e a Matemática, e não havia nada mais que ele pudesse aprender a não ser concentrar-se na Metafísica.

Seu mais importante tratado filosófico é o Kitab al-Shifa, ou o Livro da Cura, conhecido em latim pelo título de Sufficienta, é uma enciclopédia sobre o saber greco-islâmico do século XI, que vai da Lógica à Matemática.

Um grande patrono da filosofia e da ciência da História do Islam é o califa Al Ma'mun, filho do califa Harun Al Rashid, estimulou as discussões na corte sobre Lógica, Direito e Gramática, construiu em Bagdá a sua famosa Bayt al-Hikmah, a Casa do Conhecimento, uma combinação de biblioteca e academia, e que em muitos aspectos é uma instituição educacional importante.

Esta biblioteca contém livros sobre todos os assuntos, especialmente Ciências Islâmicas, Ciências Naturais, Lógica, Filosofia e muitos outros.

A maior figura na história da filosofia islâmica, e que representa uma reação ao neo-platonismo, foi Imam Al Ghazali, um jurista, teólogo, filósofo e místico, ele dizia que o "fiqh" é o pão diário da alma crente, ao passo que a doutrina é valiosa da mesma forma que a medicina é para a doença.

Também disse que foi tomado pelo desejo da verdade. Resolveu buscar um "certo conhecimento", além do qual o objeto conhecido não se abre para duvidar completamente, fundamentalmente, Al-Ghazali afirmava seu agnosticismo sobre a natureza absoluta e final de Deus.

Esta necessidade de uma certeza religiosa impulsionou Al Ghazali para o misticismo e o remeteu à descoberta do conceito alcorânico de Deus, o que mostrou que a natureza de Deus é constituída pelos nomes e abributos divinos.

O primeiro filósofo autêntico a escrever em árabe foi Al Kindi, ele está relacionado de muitas formas aos mutazilas e aos filósofos naturais neo-pitagóricos, foi um homem de extraordinária erudição, que relatou suas observações como geógrafo, historiador e físico.

Al Kindi foi mais do que um filósofo, era químico, oculista e teórico musical, a sua influência como autor e professor deu-se, principalmente, nos campos da matemática, geografia e medicina.

A história intelectual dos árabes, com o desenvolvimento da Filosofia e da Ciência no Oriente Próximo, começa com a ascensão do Islam, a primeira geração de muçulmanos eruditos dedicou-se completamente ao estabelecimento de um cânon baseado no Alcorão Sagrado e isto por causa da santidade irresistível do Alcorão Sagrado e das tradições do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), para os estudiosos muçulmanos, cuja obra é mostrada, o Alcorão Sagrado é a fonte de todo o conhecimento a revelação de Deus.

Muitas sugestões foram apresentadas no Alcorão como uma prova da Onisciência de Deus, tais sugestões estimularam a curiosidade do homem e provavelmente satisfizeram suas buscas do conhecimento.

Com as raízes do conhecimento já estabelecidas, seus ramos e folhas cresceram em direção ao avanço tecnológico, essas raízes não podem ser esquecidas jamais, porque sem uma fundação sólida nenhum pilar pode ser construído e sobreviver.

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