Testemunhar que só existe um DEUS, rezar cinco vezes ao dia, pagar o zacat, praticar o jejum no mês de Ramadãn e fazer o Hajj pelo menos uma vez na vida se houver condições físicas e financeiras é obrigação de todo muçulmano.São os pilares da fé islâmica e sem eles o muçulmano perde toda a sua ligação com DEUS e a sua religião. Por outro lado, acreditar em DEUS, nos seus Anjos, nos seus Livros, nos seus Mensageiros, no Dia do Juizo final e no Destino sendo ele bom ou não, fazem parte dos pilares da crença nos quais deve crer sinceramente todo muçulmano verdadeiramente crente. O desafio em seguir e acreditar nesses pilares é antes de tudo um ato de adoração e de fé pessoal para com o nosso Misericordioso Criador, e somente ELE sabe com certeza dizer a verdadeira dimensão da fé que cada um que as professe traz em seus corações e mentes. Embora este já seja um enorme desafio, é de um outro desafio que eu quero tratar aqui ! Na verdade, o desafio é como traduzir essa fé e essa crença para a minha vida prática no dia a dia. Como aplica-los nos vários segmentos minha da vida, seja ele familiar,social,político, religioso ou comunitário!!
Como ser útil para a minha comunidade próxima,para a a minha região,para o meu município, meu Estado e o meu país? Como contribuir para a diminuição das injustiças sociais, ser solidário ativo com os mais carentes e necessitados, como praticar a justiça de acordo com essa passagem no Alcorão Sagrado:
" Ó crentes, sede firmes em observardes a justiça, atuando como testemunhas, por amor a ALLAH, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a ALLAH incumbe protegê-lo. Portanto, não sigais os vossos caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho ou vos recusardes a prestá-lo,sabei que ALLAH está bem inteirado de tudo quanto fazeis " Surata: 4:135.
Todos esses pensamentos e questionamentos surgiram com toda a força em minha mente e no meu coração ao participar de um ato na Assembléia Legislativa de São Paulo no último dia 05/12/2011 -" Entrega do XV-Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos ", iniciativa do deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP). Eu jamais irei esquecer a emoção misturada com a revolta que eu senti ao ouvir a dura experiência vivida pelas Mães de Maio que só pedem justiça por terem os seus filhos assassinados pela polícia do Estado de São Paulo em maio de 2006 em represália por suspeitarem do envolvimento deles com os ataques do PCC. Me emocionei com a irmã Michael , uma freira americana que há quarenta anos trabalha com o chamado " Povo da Rua ". Senti orgulho dos nossos índios que resistem e lutam para preservar o que restou da sua cultura, da sua tradição e da sua terra. Conheci o Pastor evangélico Sr. Ariovaldo e sua história de luta com os mais desafortunados. Conheci um pouco mais da história do metalúrgico Santo Dias que foi assassinado pela ditadura militar em 1979 através da sua filha que na época tinha apenas 12 anos. Ouvi atentamente o irmão Mohamad El Kadri falar do sofrimento e da luta do povo palestino e brilhantemente fazer um paralelo com a as lutas do nosso povo em busca de um Brasil melhor para todos nós. Tive o privilégio de ouvir o Hino Sul Africano pelo coral Luther King em homenagem a passagem de Nelson Mandela pelo Brasil há exatamente 20 anos. Pude prestar uma homenagem também a memória de Carlos Marighela e a tantos outros que morreram assassinados pela ditadura militar. E por último fiquei mais que informado a respeito do papel do CONDEPE -Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana aqui em nossa capital e a perseguição sofrida por eles pelo do Governador do Estado Geraldo Alckmin e seus cupinchas. Tive certeza também que muito do aparato repressivo do tempo da ditadura ainda esta bem vivo a atuante na sociedade brasileira .Tudo isso para dizer que eu fiquei muito envergonhado por ter tomado uma decisão há 4 anos atrás de não me meter mais com política e me transformar apenas em uma pessoa profundamente religiosa. Quanta ilusão! O próprio Islam me obriga a seguir o caminho oposto. De que vale a nossa vida se ela não fizer nenhuma diferença na vida dos outros? Foi quando eu li este pequeno texto impresso em uma camiseta vestida por um homem negro:
"O que mais preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos,dos desonestos dos sem caráter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons " Martin Luther King.
O Pastor e líder negro Martin Luther King foi assassinado em Nova York em 04/04/1968 como consequência da sua luta contra o racismo e sua luta pelos direitos do negros e das mulheres. Foram as lágrimas mais dolorosas e ao mesmo tempo libertárias da minha vida. Foi como se eu tivesse renascido ou tivesse acordado de um sono muito profundo eu disse ao irmão Mohamad. Este é o meu real desafio como cidadão muçulmano ( não que eu me ache uma pessoa boa não ): me esforçar para que ALLAH possa me usar como um instrumento do bem neste mundo tão conturbado e injusto más também com inúmeros exemplos de vida que merecem ser respeitados e seguidos!! Amin.
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