terça-feira, 24 de abril de 2012

IRMANDADE MUÇULMANA/EGITO.


Irmandade Muçulmana


A Irmandade foi fundada em 1928 e passou a maior parte de sua história na clandestinidade. Ela nasceu no contexto do colapso do colonialismo – do Império Otomano e das potências européias – no Oriente Médio, e da ascensão do nacionalismo árabe e dos anseios de modernização social e econômica na região. Sua receita era outra: o abandono dos projetos de reforma ocidentais e o retorno às raízes muçulmanas para assegurar uma sociedade ética e justa. Ela não foi fundada por pessoas ignorantes e isoladas do mundo, seu principal teórico, Sayyid Qutb (foto), havia se formado numa universidade dos Estados Unidos, e voltado horrorizado com o que viu por lá, inclusive a discriminação racial que sofreu.

Bandeiras religiosas estavam fora de moda no Egito da primeira metade do século XX, que seguia um modelo de modernização semelhante ao adotado pela Turquia: militares depondo a monarquia e iniciando um programa de reformas sociais autoritárias. Excluída do Estado e com seus militantes perseguidos e torturados, a Irmandade refugiou-se na Arábia Saudita, onde a Casa de Saud, em sua luta contra a dinastia hashemita, abraçou o wahabismo, uma versão hiper-puritana do Islã, como meio de conquistar legitimidade política para ser a guardiã dos locais sagrados em Meca e Medina.

No Egito, a Irmandade trabalhou sobretudo na área social, procurando “islamizar a sociedade”, já que não conseguia dominar o Estado. Fundou hospitais, clínicas, creches e posicionou como uma alternativa ética a uma oligarquia militar cada vez mais corrompida e desacreditada, pelas derrotas militares diante de Israel e pelo fracasso de seus grandes projetos de desenvolvimento em gerar empregos aos jovens da nova geração, que não viveram o auge da luta pela independência e autonomia egípcias, e conheceram apenas o declínio do regime dos militares.

Os choques do petróleo na década de 1970 deram à Arábia Saudita musculatura financeira para patrocinar a jihad em escala global, e a Irmandade Muçulmana foi fundamental nesse processo, ajudando a recrutar as brigadas internacionais que combateram a URSS no Afeganistão, e auxiliando na criação do Hamas para lutar contra a ocupação isralense dos territórios palestinos

A Irmandade é forte demais para ser excluída de um futuro governo no Egito, mas certamente irá procurar assegurar ministérios-chave para seu projeto político, como Educação, Saude, Comunicações, Cultura, Sistema Financeiro e tentará ganhar espaço com as inevitáveis frustrações que se seguiram apos anos de derrotas do mundo muçulmano principalmente no conflito árabe-isralensee a causa palestina, tendo em vista a submissão dos governos anteriores no processo de submissão ao estado sionista.

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