E não profirais falsidades qualificando com vossas línguas: Isto é lícito e aquilo é ilícito, para forjardes mentiras acerca de Deus. Sabei que aqueles que forjam mentiras acerca de Deus jamais prosperarão (Annahl:116).
Muitas pessoas atualmente têm a ousadia de emitir sentenças em nome da religião sem ter conhecimento e sem se certificar de tais sentenças. Vemos na internet e nos fóruns de muitos sites pessoas emitindo opiniões contrárias à religião sem se darem conta que estão a agredir à própria religião. Alguns chegam até a menosprezar o papel dos grandes sábios que construíram a base do conhecimento religioso de acordo com o Alcorão Sagrado e de acordo com a Sunnah do Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele), e formaram as matérias da religião estudadas até os dias de hoje, matérias que se tornaram parte inseparável do domínio científico islâmico.
Devemos saber que as pessoas, quanto à busca do conhecimento, dividem-se em três grupos: 1. Leigo: O qual não tem “mazhrrab” (escola), porém sua escola é a escola de quem o orienta e o ensina se este for conhecido pela sua sabedoria, religiosidade e seguir dos grandes sábios (imams) e antecessores. E caso confundam-se para o leigo as opiniões dos grandes sábios deve procurar quem escolhe para ele a melhor delas ou seguir o julgamento daquele que é mais sábio e temente, fatores conhecidos pela difusão e fama. 2. Aprendiz: O qual pode procurar o conhecimento através de uma das escolas compiladas e aceitas pela nação muçulmana: al hanafiah, al malikiah, ashafiiah e al hanabilah. Pode escolher dentre estas escolas a que tem sheikhs presentes, e pode escolher dos livros aqueles cujos autores se preocuparam em trazer os textos religiosos autênticos e, assim, eleva-se nos degraus da procura do conhecimento até que alcance o grau de “empenho individual” (“ijtihad”) e independência no estudo e procura (este nível tem rígidas condições que só são alcançadas pelos grandes sábios).3.Sábio: O qual obteve os elementos do “ijtihad” e alcançou a independência no estudo, cuja obrigação é vincular os fatos diretamente aos argumentos e textos religiosos, não podendo seguir outro sábio numa questão cujo julgamento seja contrário ao seu após concluir seu estudo sobre tal questão.
# Disse o Altíssimo: “Perguntai aos adeptos da Mensagem, se o ignorais. (Enviamos os Mensageiros) com as evidências e os salmos” (Annahl 43-44). Ordenou o ignorante a perguntar aos sábios.
# E disse ainda: “Segui o que vos foi revelado por vosso Senhor e não sigais outros aliados além d´Ele. Quão pouco meditais” (Al aáraf 3). Vários de nossos sábios sustentam com este versículo a invalidez da “imitação” no caso de quem é capaz de argumentar e pesquisar.# Disse Jabir (que Allah esteja satisfeito com ele): “Nos retiramos em uma viagem, quando então, um homem foi atingido por uma pedra que rachou sua cabeça. Ficou em estado de impureza em razão de sonho (sendo-lhe obrigatório o banho) e perguntou aos seus companheiros: Encontram permissão para mim no “taiammum” (ablução ou banho com terra para quem não encontra ou não pode usar água)?! Responderam: Não vemos permissão para ti, sendo que podes usar a água. Então, o homem banhou-se e faleceu. Quando voltamos ao encontro do mensageiro de Allah (saas) ele foi informado sobre o acontecido, e disse: “Mataram-no, que Allah os mate; por que não perguntaram, já que não sabiam!! A cura (desta) doença é a pergunta”.[1]
Quando o muçulmano tem um vasto conhecimento da religião, ele sabe que há questões imutáveis e há questões flexíveis. As questões flexíveis são aquelas que, com a permissão de Deus, têm discordância em seu julgamento.
E nós cremos que as questões empenhadas individualmente - toda questão que não possui argumento exato, seja texto autêntico ou consenso claro - não são das atas de “aliança e rompimento”, por isso não deve ser pressionado quem tem opinião contrária nem deve ser acusado em sua religiosidade enquanto tenha julgado em tal fato de acordo com um empenho ou seguido alguém a quem lhe é permitido seguir. Cremos que não é permitido que o grupo dos muçulmanos divida-se por causa da divergência nessas questões, fato que não impede a investigação científica pura com o intuito de alcançar o correto se tal investigação e estudo não levarem ao desentendimento, discussão e fanatismo.
# Disse o Altíssimo: “O que cortardes de tamareiras ou deixardes de pé sobre suas raízes, fa-lo-eis com o beneplácito de Allah e para (que Ele) desaponte os corruptos” (Al haxr 5). Alguns imigrantes (muhajirin) proibiram outros de cortar estas tamareiras e disseram: Elas são dos despojos dos muçulmanos. Quando fizeram esta afirmação, foi revelado o Alcorão concordando com quem proibiu e informando que quem havia as cortado não incorreu em erro, mas o fizeram com a permissão e beneplácito de Deus. E assim são todas as questões que se baseam no esforço humano e não têm uma sentença de Deus, aquele que se esforça na sentença dessas questões não estará pecando mesmo que erre.o Alcorirmaçproibiram outros de l Hakimntro do mensageiro de Allah (saas) ele foi informado sobre o acontecido,# E disse o Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele): “Se o juiz (ou governante) sentenciar conforme o seu esforço e acertar terá duas recompensas, e se sentenciar conforme seu esforço e errar terá uma recompensa”.[2]
E é narrado que o profeta Muhammad (a paz esteja com ele) certa vez ordenou: “Que ninguém reze a oração do assr senão em Bani Quraizhah”, e os seus companheiros se dividirão no entendimento dessa ordem. Ao chegar o horário da oração estavam a caminho, e alguns disseram: Ele quis dizer que devemos nos apressar e nos dirigir à tribo de Bani Quraidhah, porém chegou o horário da oração, então devemos rezar agora, mesmo que não tenhamos chegado. Outros entenderam literalmente e rezaram só quando lá chegaram e perderam a hora da oração. O profeta (a paz esteja com ele) não reclamou de ninguém dos que divergiram no entendimento de sua proibição de se rezar a oração do assr exceto em Bani Quraidhah.[3]
E devemos ressaltar que estas questões devem ser levadas às pessoas que entendem os textos e têm uma noção abrangente de todos os textos do Alcorão e da Sunnah, pois só estes têm a capacidade de interpretar e unir entre os textos, assim como ocorreu nesse episódio: a ordem de se rezar cada oração em seu devido horário e a ordem de se rezar somente em Bani Quraidhah naquela situação. Quando houve a boa intenção e o esforço no entendimento e interpretação dos textos para cumprir o que eles estabelecem, o profeta aprovou duas conclusões diferentes, mostrando que existem questões flexíveis, porém estas questões só são entendidas pelos sábios.
Sheikh Ahmad Mazloum
------------------------------
[1] Relatado por Abu Daud, Ibn Majah, Ibn Hibban e Al Hákim. E há divergencia quanto à sua autenticidade.
[2] Relatado por Al Bukhari e Musslim.
[3] Relatado por Al Bukhari e Musslim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário