quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

2011: O ANO DO REENCONTRO COMIGO MESMO!

Sob vários aspectos 2011 foi um ano terrível para mim. Experiências dolorosas e traumáticas não faltaram. Ficarei apenas em três: o falecimento do meu pai, o retorno às drogas, depois de vinte anos de sobriedade vividos pelo meu irmão e a situação na qual se encontra a minha mãe- depois de 4 derrames ela vive (?) amarrada numa cama 24 horas por dia, sendo alimentada por uma sonda e praticamente sem consciência de si própria.  Para uma outra experiência terrível, a pior de todas, eu continuo buscando a ajuda e o consolo de DEUS. Ainda não tenho forças, nem coragem, para compartilhá-la.Fico devendo esta a mim mesmo..

Do ponto de vista positivo está a aproximação e um melhor relacionamento com a minha família, a descoberta e a paixão avassaladora pela bicicleta como modo de vida. Pedalar passou a ser tão importante como respirar, obrigado a todos os membros do Pedal Zona Norte (PZN) na pessoa do seu fundador, meu amigo e irmão, Ricardo Herrero.

Mas quero, aqui, escrever sobre o principal. Dois acontecimentos que se completam sem eu ter consciência onde começa um e termina o outro:

1) Voltar a trabalhar na Mesquita/Associação Islâmica de São Paulo a partir de 1 de Agosto.
2) Retornar à militância política e social em Outubro me filiando ao PT em Novembro .


Vamos então ao que interessa sem mais delongas.

A Política e a Religião não significavam nada para mim até 1982. A alienação política era tanta que aos vinte e dois anos de idade eu não tinha ideia de que nós vivíamos  no final de uma ditadura militar. Com a religião era simplesmente desinteresse mesmo, embora eu tenha participado de um grupo de jovens católicos aqui na Brasilândia * e depois tenha tido uma experiência curta na igreja Batista. Nesta época eu ainda trabalhava no Unibanco e por influência de um auditor japonês, que eu não me lembro o nome, acho que era Teruo,   acabei votando, pela primeira vez na minha vida, no Franco Montoro para governador, e para deputados no Deoclécio e no Aldo Rebelo, todos do PMDB. Foi então que no final de 1983  fui apresentado a um companheiro bancário, que também não me lembro o  nome,  pelo mesmo japonês e acabei tendo contato com o PC do B e lá permanecendo até o início de 2004, quando resolvi sair do partido por divergências ideológicas ( já que o Islam tem a sua própria ideologia ) e somente agora , depois de sete anos é que tudo começa a se encaixar perfeitamente na minha vida.
Voltemos um pouco no tempo, exatamente em meados de 2001 e início de 2002. Foi exatamente neste período que eu conheci e me converti ao Islam , mais precisamente em janeiro de 2002. Essa foi uma busca que eu havia iniciado em 1995 ao aceitar, mesmo que remotamente que poderia existir uma força superior e criadora de tudo que conhecemos como matéria. Em 2001 eu já tinha desistido de procurar DEUS e vivia a pior fase do meu alcoolismo. Enfim, quando eu me converti ao Islam  já estava sem ingerir nenhuma gota de álcool a aproximadamente um mês. Pois bem, de 2002 até final de 2003 eu vivi um conflito muito intenso entre a fé islâmica que eu havia abraçado e a minha militância no Partido Comunista que por muito tempo era a única coisa sólida que eu tinha na minha vida. Nesta época eu costumava dizer que a única certeza que eu tinha na vida era de ser comunista.  Como conciliar duas ideologias tão diferentes? A religião, eu pensava,não podia ser algo desvinculado da vida real , eu não podia continuar professando a minha fé dentro dos limites do chamado fórum intimo, e militar numa organização comunista não era o espaço ideal para tentar  vivenciá-la e colocá-la em prática. Acabei me afastando de ambos, do Partido por não compartilhar mais com os seus ideais, e do Islam por não ter com quem compartilhar a minha fé no dia a dia. De 2004 ao final de 2006 procurei DEUS em outras doutrinas e através de outras experiências espirituais, que, embora  tenham me ajudado muito, não preencheram o vazio deixado pelo Islam. Eu começava a compreender que a minha busca na verdade tinha como objetivo final o Monoteísmo,ou seja, se existe somente um DEUS ,então é somente para ELE que eu deveria pedir ajuda. Importante dizer que em 2006 eu fiz campanha, me filiei e votei no recém nascido PSOL participando inclusive como delegado por São Paulo do seu segundo Congresso que se realizou na cidade do Rio de Janeiro em 2007. Sai também do PSOL e fui trabalhar na Associação Islâmica de São Paulo, de maio de 2007 a abril de 2008. Voltei a frequentar as Mesquitas em janeiro de  2007 e em fevereiro, do mesmo ano, eu conheci a Mesquita Hamza/Associação Islâmica de São Paulo, mais conhecida como Mesquita Cachoeirinha. Foi mais que ganhar sozinho na loteria! Ganhei outra família!
Como eu já disse anteriormente, eu sai da Associação em abril de 2008 e fui fazer outras coisas para garantir o meu sustento e o da família. Minha vida se tornou um triangulo que com o tempo foi se tornando insuportável : casa, trabalho e  mesquita .  Eu tinha  decidido que não queria mais me envolver em política, e que talvez futuramente eu poderia participar de algum movimento social , que de uma forma ou de outra fosse ligado a religião. Queridos leitores, estou chegando nos finalmente! No início de 2009 cresceu dentro de mim o desejo de voltar a trabalhar na Associação, e, como na época não havia nenhuma possibilidade de isso acontecer devido a falta de projeto, eu acabei colocando nas mãos de DEUS. Foram praticamente 2 anos e meio de espera , quando em 1 de Agosto de 2011 eu voltei a trabalhar na Associação a convite do presidente , o meu amigo e irmão Mohamad El Kadri . Desta vez tínhamos um projeto , e este era o de fazer da Associação  uma entidade islâmica conhecida, atuante e respeitada dentro de nossa comunidade. E, para que isso fosse possível era preciso se inserir dentro do movimento social local. Até aí ainda não me passava pela cabeça me filiar a nenhum partido político, mesmo porque eu sempre alimentei a esperança de participar de alguma organização islâmica aqui no Brasil. Aí, meus caros irmãos e amigos, surge no mês de outubro de 2011 a notícia de que finalmente o PT iria formalizar dentro de sua estrutura partidária a  Intersetorial Religiosa ligada à Secretária de Movimentos Sociais do Partido. Foi o que faltava para fechar o elo mágico do destino! No presente momento estamos ainda bem no começo de todos esses projetos, tanto no que diz respeito à Associação como também ao Partido. O desafio é se inserir nessas lutas sem perder o caráter e a ideologia islâmica  que deve pautar a vida de todo muçulmano. É verdade que no Islam não existe essa separação radical entre a vida espiritual e a vida mundana. Elas se completam!   
Portanto, hoje cabe a mim, como muçulmano, jamais esquecer ou neglicenciar as minhas obrigações para com DEUS e a minha  religião, e agir de acordo com a Sua vontade e soberania sobre os meus desejos, interesses pessoais  e a minha própria vida. Reencontrar a mim mesmo neste sentido foi conseguir conciliar a minha  fé podendo ao mesmo tempo voltar a  participar da vida política e social do meu país sem renegá-la ou confiná-la em casa ou mesmo dentro de uma mesquita. Sem contar que tenho tido a oportunidade de fotografar vários eventos sociais , políticos e religiosos. Quem me conhece sabe o meu amor pela fotografia.  Agora, se por algum motivo essas experiências não derem certo, o importante é manter a minha fé , pois com certeza DEUS me mostrará outras oportunidades de servi-Lo melhor, e servir a DEUS  não é só servir ao próximo! É servir da melhor forma possível!

*  Brasilândia - Bairro localizado na zona norte de São Paulo.
**Quanto a conciliar a questão ideológica entre o Islam e a minha filiação ao PT  eu pretendo escrever outro artigo específico. 

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